28 de ago. de 2010

DA ARTEMISIA ABSINTHIUM E DOS FOGOS, OS FOGOS DE DENTRO


Naquela hora ali, menina, chegaste já bêbada e a casa também parecia incendiada.

Naquela hora ali, menina, a geografia das nossas origens sibilavam mais que os nossos sotaques.

Naquela missa de corpo presente te confessei punhetas anteriores.

Naquela prece, rezamos lentamente pelos supostamente traídos ligados ao nosso mundo, embora não acreditássemos que estávamos traindo quem quer que fosse.

Levius fit patientia*.

Naquela reza de joelhos, o boquete dos deuses.

Naquela minha cerimônia do beija-pés, a descoberta dos teus passos, além do número que calças... ainda guardado na memória.

Naquela tua bucetinha menstruada o segredo de todos os amores e mares vermelhos.

Naquele corpinho, mon amour meu bem ma femme, sem depilar direito.

Naquele mato o segredo, os caminhos, as veredas por onde nos levam os pêlos.

Naquele momento a tua promessa desnecessária: mais na frente uma phoda cheirosa e sem pêlos teremos.

Naquela hora o fósforo riscou os pelinhos da tua buceta, depois que joguei absinto para lambê-la.

*a resignação alivia

(Do Catecismo de devoções, intimidades & pornografias, Editora do Bispo)







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